9 de dez. de 2008

instinto fatal


Num debate com outros colegas, relativamente à intensidade com que se vivem alguns aspectos da vida, acabámos por nos aproximar do que poderia ser um padrão de traição, a necessidade de se acrescentar intensidade; sendo a traição um veículo que conduzirá à sensação de perca e ou abandono. O que por vezes na idade adulta acabam por ser uma repetição do mesmo sentimento que se experimentou na infância, com as devidas diferenças atendendo ás idades e circunstâncias. Acontece muitas vezes que quem trai também em alguma hora experimenta o outro lado o do traído, dois lados da mesma moeda . Sabido é que estas situações são sempre dolorosas e intensas para alguma das partes quando não para todas; abandono e rejeição serão alguns dos sentimentos a experimentar num tal grau que poderão levar a mecanismos de defesa que acabam por se tornar castradores ou inibidores. Debatia-se até que ponto estes sentimentos não seriam um eco de padrões de infância. A enorme necessidade de se sentirem amados por alguma razão frustrada então terá conduzido a mecanismos de defesa. Acabando por atrair relacionamentos mais ou menos dramáticos, fruto de uma intensidade de sentimentos mesmo que estes se encontrem sublimados. O que se aprendeu a fazer desde cedo. Já se sabe que atraímos a imagem do que criamos. À semelhança do acontece quando encontramos (Plutão=Sol/Lua) na carta natal, indicador de uma evolução individual através dos relacionamentos, o individuo que se transforma com as relações, passando a haver um antes e um depois deste ou aquele, relacionamento. Os planetas que estiveram na berlinda foram Vénus e Plutão, a intensificação da necessidade de socialização e forma como cada um entende os requisitos necessários para que relação emocional que o satisfaça, expressa por Vénus, sobrevalorizadas pelo contacto de Plutão. Em comum todos têm a intensidade que se deseja e eu acrescento a urgência que se experimenta na paixão, apimentada pela relação proibida, pelo o desejo insaciado e pela incerteza. Tudo é mais intenso. Tenho para mim que este impulso passional está relacionado com labirintos individuais que enceram defesas e domínios, uma forma encontrada pelo o instinto que aflora sempre que nos distraímos e nos deixamos possuir pelas idiossincrasias reprimidas.

16 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Ana Cristina,

Este seu texto é daqueles que vai deixar as pessoas arrebatadas, sobretudo as mulheres. O tema é ultra sensível.

Se as pessoas ainda não entraram em «modo festas felizes», virão aqui e terão reacções muito vivas, quer deixem ou não comentários.

Muito bem escrito e bem explicado. Gostei muito.

No entanto, e sobre este tema em concreto, não duvido que em algumas pessoas possa haver padrões relacionados com a infância, mas também creio que a maioria de nós trai ou é traído por razões não associadas à infância.

A sensação que tenho é que a psicologia treinou-se a argumentar desta maneira, por talvez, não conseguir ir mais fundo.

Creio mesmo que a tal traição (já estive em ambos os lados da barricada) é a consequência da forma como usamos o verbo amar. Sabemos realmente amar? Como amamos? Como não amamos? Onde começa e onde termina esse sentimento? Estamos aptos para amar? De que maneira? Do género «tu és meu»?

Acredito que somos nós mesmos os sabotadores das relações, com as consequências conhecidas.

Gostei muito do apontamento.

Abraço

António

P.S.: A ilustração é óptima e o tema também. Nem imagina o que detesto fazer sinastrias... :)

Ana Cristina disse...

"Creio mesmo que a tal traição (já estive em ambos os lados da barricada) é a consequência da forma como usamos o verbo amar. Sabemos realmente amar? Como amamos? Como não amamos? Onde começa e onde termina esse sentimento?"

António já nos conhecemos o suficiente para saber que não gosto de generalizações, no entanto persistir ou atrair relações triangulares por sistema pode bem indicar repetição, não falo de uma pulada de cerca circunstancial.
Sei que é um tema nevrálgico e que poderá acordar algumas emotividades :-)
Como sempre a ideia não é julgar mas entender o cerne da questão. E sou-lhe muito grata pelo seu comentário super avalizado.
Abraço e votos de um dia cheio de coisas boas. Já mandou a gripe embora?

Ana Cristina disse...

PS. António como falámos das sinastrias já, não tenham as pessoas maturidade suficiente, que não é nos astros que encontram o mapa da felicidade.

Anônimo disse...

Ana Cristina,

A gripe está quase de saída. Fiquei hoje em casa (big fim-de-semana) para cuidar melhor disso e tratar dos cursos e outros assuntos pendentes.

Sei bem que a Ana Cristina não costuma generalizar. Também creio que as situações amorosas triangulares repetidas, são padrões intensos. Por isso ter apreciado imenso a especificidade apresentada por si: Plutão=Sol/Lua.

Uma das razões porque estive cerca de 2 anos sem dar consultas de astrologia, prendeu-se com esse factor. Dei por mim, nas consultas a consumir imenso tempo com Plutão, para tentar explicar esses padrões repetitivos. Fiquei desgastado.

Tenho contado esta pequena história: ao preparar-me para uma consulta, eu sabia que iria encontrar uma cliente com sérias questões de insegurança na área amorosa. No início do atendimento, ao perguntar à cliente o que pretendia com a consulta, ela foi directa à questão: queria saber se era amada pelo namorado, já que com o marido estava tudo bem.

Apesar de ter não ficado surpreendido, percebi que tinha que necessitava suspender por uns tempos as consultas de astrologia. Para me resguardar das minhas próprias fragilidades. Foi o melhor que fiz.

Segurança versus insegurança emocional.

Tenho feito sinastrias, mas quem fica infeliz sou eu - LOL.

Ana Cristina disse...

"Segurança versus insegurança emocional"

António e não é que a 1ª deixa de ser rapidamente o porto de abrigo para ser a carapaça :-)
Interessante como atraímos padrões de clientes :-)

Maria Paula Ribeiro disse...

Bom dia!

"acabámos por nos aproximar do que poderia ser um padrão de traição, a necessidade de se acrescentar intensidade"

E se, traição versus traído, sejam factores de intensidade para alguns, o sentimento permanece individual. São caminhos que o nosso instinto pode procurar e que quando confrontado com a realidade social onde nos inserimos, nem sempre aceite, se resvalecem confrontos interiores, proporcionais ao que cada um sente em relação o valor "amar".

Beijo

Ana Cristina disse...

Mary, ao longo da vida e cada um terá que enfrentar as suas dicotomias, uma delas é pode ser o coração e a razão, mais do que aceitação exterior em causa está o confronto interior, que esperemos acabe por levar à paz :-) Um bom dia para ti.

princesaesquimo disse...

Interessante.
Plutão= Sol/Lua, não falta assim tanto, depois conto a minha versão, se não for demasiado intensa é claro, lol.
Beijinhos

Ana Cristina disse...

Sam quando quiseres, gosto de histórias intensas. Pl=Sun/Moon refiro-me ao midpoint :-)

Beijo

Anônimo disse...

Ana Cristina, este é um assunto que eu bem gostava de entender !!!

Há traições em triângulo e traições que não são em triângulo... E também há triângulos que não são exactamente traição... E há relações a dois onde para não traímos o outro nos traímos a nós próprios... Ui!!! Com eu gostava de entender...
Acho que já passei por quase isto tudo e de todos dos lados do vértice... E não sei como se resolve.
Aqui há uns meses enviaram-me um mail fantástico que explicava o quão natural é amar mais do que uma pessoa ( e do quanto a sociedade nos ajuda a sentir culpa em relação a poder expressar isso). Mas também é verdade que a maior parte das vezes não é por amor que estas coisas acontecem...
Não pode ser que sejam tudo lições de desapego ? Para um dia viver esse outro 'Amor Maior' ?

Beijinho e desculpe o desabafo,

Joana

Ana Cristina disse...

Joana não peça desculpas pelo seu fantástico comentário. Concordo que há várias maneiras de viver em paz, se 3 pessoas resolverem viver juntas e se o modelo servir aos 3...Outro dia lia acerca da mulher que se divorciava pela traição do marido no 2nd life. Enfim as formas são imensas, eu diria que o cerne da questão está na intensidade com que vivemos as emoções, (por isso esse dramatismo tem que ser alimentado) junto com o que buscamos emocionalmente e uma série de modelos educacionais. Amar desapegado seria concerteza o ideal e talvez haja muitos que tenham que aprender a amar assim. Afinal ninguém é de ninguém, creio que neste "assunto" não há culpados ou inocentes mas oportunidades para a sinceridade individual e enfrentar a força de sentimentos, o que impele cada um.

Anônimo disse...

Grata pelas suas palavras Ana Cristina. Deixaram-me a reflectir... Bjs. Joana

Anônimo disse...

Olá Ana Cristina de facto é muito complicado quando se ama mais do que uma pessoa ao mesmo tempo, mas também pode ser uma sensação muito boa.E depois ninguém escolhe por quem se apaixona, o coração fala sempre mais alto do que a cabeça.Beijinhos.

Ana Cristina disse...

Maria de Fátima, não creio em "sempres" nem em "nuncas", isso faz de nós todos seres mais interessantes pelas diferenças :-)
Obrigada pelo comentário e perspectiva.
Abraço

Paulo da Costa disse...

OI Ana,

Adorei o texto.
Cru, directo e sem papas na lingua!
Concordo com os padroes de traicao.
Os meus estao bem patentes no meu mapa (especialmente no meu passado "antigo"). Saturno em Leao na 8.
A licao sera (mais uma vez) quebrar padroes.
Escolhemos viver nesse ambiente ou mudar?
Sera que ja aprendemos tudo, para conseguirmos mudar?
A lista de perguntas e infinita...

Paulo

Ana Cristina disse...

Oi Paulo, Obrigada pelas palavras de apreciação. Creio que acima de tudo estamos aqui para experimentar e viver e assim ir respondendo ás nossas perguntas :-)