12 de nov. de 2010

estados de alma, bolhas e noites escuras

Bolhas que dissolvem, luzes que não se vêm...ainda; nestes tempos em que Neptuno e Chiron têm andado de mão dada, tenho meditado, ponderado e, ponderado no trabalho dos dois e naquilo que os diferencia, completando-se.

Neptuno numa das suas faces, no horóscopo simboliza a nossa necessidade da perfeição, do ideal, do inatingível e por isso por vezes consegue atirar-nos para paraísos que nos protegem daquilo que não queremos aceitar na nossa realidade. Escapamos, podemos viver assim dentro de uma bolha protectora, por muito tempo.

A vida é dinâmica, chegará a hora em somos obrigados a enfrentar o quanto daquele ideal é uma criação do ego, algo que teimamos em alimentar não fazendo parte da nossa essência, como se estivéssemos debaixo do efeito de um alucinogéno natural.

Virá a altura em que Neptuno activa pontos cruciais (muitas vezes com uma ajuda de Saturno), dissolve aquele ideal, o que leva a uma dissolução daquele self criado. Egos construídos ao longo da vida que nos foram norteando e protegendo por tanto tempo...aos quais nos apegámos como se da nossa verdadeira essência se tratassem. Depois da incompreensão segue-se o desgosto, da perca, enquanto nasce o novo...ideal.

Uma vez que ao sermos confrontados pela necessidade do desmame daquela droga, com a morte do ideal que nos amparava, somos forçados a olhar a nossa essência nua e crua. Épocas reflectidas no mapa pessoal, por contactos dinâmicos(quadraturas, oposições e conjunções) de Neptuno. Períodos mais ou menos longos com alguns recuos. Recuamos para dentro de nós. Que nos levam a mudanças importantes.

Consoante aonde acontece este fenómeno, em que ponto do mapa pessoal, assim vemos a realidade transformar-se, de dentro para fora. Os efeitos exteriores acabam por ser um mero reflexo do que nos vai na alma.

Com Neptuno tenho que falar de alma, porque tudo começa no nosso intimo.

É o lugar que ocupamos na sociedade, no trabalho (Meio-do-Céu), com repercussões no lar (o mesmo acontecendo no Fundo-do-Céu) que parece perder o sentido, questionamos aonde nos temos focado. O self que se desintegra, por vezes em forma de depressão ou noutras formas de doença física, sentimos-nos perdidos, sem sentido (Ascendente ou o Descendente), os outros não nos vêm como realmente somos.

São alturas da vida solitárias, melancólicas até que o processo esteja realmente completo.

Ao aproximarmos-nos um pouco mais da nossa essência, desprendemos-nos de padrões egocêntricos. Este caminho, é doloroso mas também é criativo, querer passar a correr, arriscamos-nos a não ir tão longe como poderíamos. Estaremos condicionar o novo self que nascerá depois deste período. Li há pouco tempo que são alturas em que deveremos estar preparados para apreciar a beleza da longa noite escura.

Chiron o curador ferido por seu turno,no mapa, sugere o poder de curar os outros, precisamente na área em que padecemos. Quando este activa um planeta pessoal, busca a cura, cansado de sofrer vai a fundo para se libertar. Chiron a pressionar o regente ou um planeta na Casa 7ª (relacionamentos) vai querer resolver as "suas" mágoas lactentes. No caso do Sol, a urgência em resolver aquilo que nos sendo essencial, temos escamoteado.

Agora em conjunto com Neptuno, a necessidade de entender os segredos da alma, de os esquadrinhar, para que se liberte e se retorne ao essencial.

Quem beira os 50entas, tem o chamado retorno de Chiron, à mistura com Neptuno (e que poderão estar simultaneamente a activar um outro ponto crucial do mapa). Caso para dizer, tratamento intensivo.Dissolução e cura.

Esta deverá ser altura em que poderemos curar-nos a nós próprios. Ninguém disse que seria fácil, a fé e a fidelidade à nossa essência,  de que algo de melhor e mais autêntico está para nascer, terão que ser os companheiros desta jornada escura e confusa.

Neptuno, depois da dissolução brinda-nos com o amor, o incondicional, por nós próprios e como isso a paixão pela nossa vida, tal como ela é.

16 comentários:

Kátia Gisele disse...

Olá Ana Cristina,

Que bela reflexão! apenas para colaborar tenho muita força nestes processo de transformação plutônico deste momento, além de um netuno natal de frente para o sol natal, em escorpião. É exatamente, assim, com descreves. hoje, simplismente ainda sem consciencia de estar acordada, vi do que eram feitas as correntes que me empedem de seguir. Foi realmente, transformador, pois venho a anos, procurando novos valores que me acomodem, mas hoje, bastou a consciencia de ver que falta de acreditar, de ter coragem de ousar, me emperram. Claro, o longo e doloroso processo era pra que esta clareza pudese se chamar - Cura. Obrigada pela sua sofisticada coloração de complexos processo humanos. Forte abraço

Anônimo disse...

Ana Cristina,

Grata pela informação.
O meu chiron está coladinho ao Sol. Tenho muito trabalhinho para fazer em relação à minha auto-estima.

Beijinhos

Ana Cristina Corrêa Mendes disse...

Perséfone grata,Neptuno - Sol natal, há que aprender a VER através do nevoeiro. Dependendo de onde (grau) tem os planetas natais, o trânsito de Neptuno, sugere uma revisão profunda de ideais e a tal volta a nós mesmos :)

Beijo e boa continuação a caminho da paz luminosa.

Ana Cristina Corrêa Mendes disse...

Olá Joana, pelo que lhe é essencial eu diria :)

Beijo

Unknown disse...

Ana Cristina

Como me identifiquei com o tema. Esses dois andam a mexer muito com todos nós.

Belo texto. «a beleza da longa noite escura»

Abraço

António

Ana Cristina disse...

António a frase consta num livro magnifico "a noite escura da alma".

Beijo

astrovidas disse...

Olá Ana Cristina, na minha agenda Astrológica Saturno encontra meu Neptuno natal lã para 2012, neptuno em trãnsito entra na minha casa7. meu quiron natal entre a casa 6 e a 7. È como uma espécie de travessia no deserto, vou parando de vez em quando para me refrescar no oasis, mas confio no gps natural que me levarã onde terei que chegar, no tempo certo.

Ana Cristina disse...

Faz bem Rui em seguir o seu GPS, faço votos para o mantenha alinhado :)

Grata pela visita e comentário

Maria Paula Ribeiro disse...

;) Belo texto amiga,

Ainda me faltam umas "rugas" para os cinquenta, mas gostei desta do
Neptuno-Sol....VER através do nevoeiro...;)))
Trancoso é perito em nevoreio, é! ;)))

Mas com esses dois a "passearem na minha 12", tem sido um bom solvente interno...

Bem-Hajas e Bom Domingo!;)
Beijo

Ana Cristina disse...

:) então estás a praticar amiga, sim saber distinguir o que é apenas ilusão e não ficar com receio de avançar pelo nebuloso...até ver luz :)
Bom domingo para ti tb, beijo.

Adelaide Figueiredo disse...

Neptuno mexendo comigo e Quiron também. A noite a pouco e pouco vai ficando mais clara com a luz da aurora:))

Belo texto!!!

Abraço

MARCELO DALLA disse...

Querida!!!
Suspiros e mais suspiros, ao ler, reler e ler de novo seu texto.
Que o amor e paixão pela vida vença sempre e cada vez mais!!!
grande bjo

Ana Cristina Corrêa Mendes disse...

Marcelo, é isso mesmo, alimentar essa paixão. :)

Abraço, beijo e suspiros :)

Ana Cristina Corrêa Mendes disse...

Adelaide :) aproveite todos os minutos para que o novo vingue :)

Abraço

Astrid Annabelle disse...

Maravilhoso texto Ana Cristina, me fez relembrar o dia em que mergulhei de cabeça na "noite escura da alma"!
Conheço esse termo, não sei se do mesmo livro que você leu. A autora do livro onde aprendi sobre essa fase é a Christine R. Page.
Levei seu texto para casa para ficar relendo.
Um beijo especial.
Astrid Annabelle

Ana Cristina Corrêa Mendes disse...

Astrid, o livro maravilhoso que estou a ler sobre Rituais de passagem, de São João da Cruz & Thomas Moore.
Obrigada pelo carinho e por me ler :)
Abraço